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Jan 5 2015

O Som de “Relatos Selvagens” – Parte IV

Quarta e última parte da conversa sobre o som de “Relatos Selvagens” (Damian Szifrón, 2014) que ocorreu na CAPER 2014 (Câmara Argentina de Provedores e Fabricantes de Equipamentos de Radiodifusão). Falamos um pouco de dublagens.

O editor de diálogos de “Relatos Salvajes” foi Nahuel Palenque. As tarefas de edição foram tão trabalhosa que outro editor, Matías Vilaro, ficou responsável apenas pelo ajuste das dublagens, para não sobrecarregar ainda mais Nahuel. Durante a conversa não citei Nahuel Palenque. Mas aqui lhe dou o crédito.

José Luis Díaz, no início da conversa, mostra um trecho do filme “Vino para Robar”. José Luis chama a atenção para a frase “is not my fault”, onde é possível ouvir um ruído de fundo (as rodas do carro de travelling).

Durante o processo de edição de diálogos, o que o editor precisa fazer é substituir a frase com o ruído de fundo, por outra tomada (seja ela de cobertura ou de um take que não foi usado). Por azar, neste caso, em todas a 7 tomadas desta cena, havia o mesmo ruído. Mas, na tomada 8 não havia ruído, mas o ator modulava a frase de maneira diferente. Para solucionar este problema (encaixar a fala na mesma modulação da primeira) usaram um programa chamado Revoice Pro. Este programa funciona igual ao plugin VocAlign (alinha a dublagem com a tomada original – em relação ao ritmo das palavras). O Revoice Pro, além disso, também pode copiar a modulação tonal da frase original (guia) para a tomada nova (seja dublagem ou não).

Um trecho da última história de “Relatos Salvagens” é mostrada. Nela é possível ouvir a mixagem final. José Luis lembra que, durante esta gravação Javier Farina teve problemas com o vento e que, infelizmente o som direto não era bom. Em seguida, podemos ver o som original da cena (a atriz estava completamente afônica).

Não era possível usar o som direto. Apesar da atriz estar sem voz, havia uma continuidade que precisava ser seguida. Por isso era necessária a dublagem. E foi bastante difícil sincronizar. A dublagem foi feita em dois dias diferentes, com um intervalo de tempo de 2 meses. Isto porque o diretor queria uma atuação específica. A estratégia usada para conseguir o que o diretor queria foi tomar whisky. Todos, durante as sessões de dublagem, tomaram whisky. Principalmente a atriz. Outra curiosidade foi que, esta cena, a atriz repetiu 22 vezes. E em todas, Érika (a atriz) gravou do início ao fim, sem parar.

O Revoice Pro trabalha com uma guia (track original). Mas o diretor, quando editou, montou o diálogo com várias tomadas diferentes. Isso dificultou bastante o trabalho de todos. Pois, muitas vezes a guia não era uma boa referência para fazer os ajustes da dublagem.

Parte I

Parte II

Parte III

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