Restauração de Som no Cinema Brasileiro
José Luiz Sasso é um dos maiores, se não o maior especialista do Brasil em restauração de som de filmes. Após uma agradável tarde de aprendizados na JLS Facilidades Sonoras com esta lenda viva do som do cinema brasileiro, reproduzo aqui um pouco da história e das especificidades práticas desse importante trabalho de preservação audiovisual.
“A história da restauração no Brasil começa comigo quando o Lauro e o Eduardo Escorel queriam trazer à vida de novo o filme “Cavalinho Azul” (Eduardo Escorel, 1984) e o “Sonho Sem Fim” (Lauro Escorel, 1985), ambos eu mixei na Álamo. E eles tinham as fitas de ¼ desses filmes guardadas em Nagra. Isso era o back up da mixagem do perfurado 35mm. Eles me ligaram, querendo restaurar o som do filme e eu me propus a fazer. Mas eu não tinha o Nagra, então o Geraldo Ribeiro que transcreveu para um arquivo wave (estamos falando a 24 quadros). E aí chegaram as imagens pra mim. Acho que eles iam exibir na TV Cultura aqui em São Paulo, mas não queriam o som do telecine da cópia. Neste caso, na verdade não foi uma restauração literal, mas foi uma re-masterização. Já que estava em fita de ¼, a qualidade era absolutamente normal, ainda mais gravado em Nagra. E aí a gente passou em um software, tiramos o chiado, tiramos um pouco daquela característica do cinema monofônico de ser um pouco mais rico em médias frequências… se criou um pouco mais de graves… Então, eu re-masterizei esses dois filmes. E aí isso ficou aí perdido. Foi mais ou menos em 2003 ou 2004, não me lembro exatamente. Mas nessa época ninguém falava em restauração ainda.