Feb
22
2014
A Experiência do Cinema de Lucrecia Martel: resíduos do tempo e sons à beira da piscina (Ed. Alameda, 2014) é o mais recente livro nacional dedicado à reflexão sobre o som cinematográfico. A autoria é da pesquisadora Natalia Christofoletti Barrenha.
“Este é um livro de alguém que sabe escutar. É habitual encontrar críticos que saibam ver, mas é muito mais raro encontrar um crítico que saiba escutar. E este é um desses casos, porque quando Natalia escreve que “as pessoas são fragmentadas pelo enquadramento – os corpos se insinuam mais do que mostram, tal como os personagens sussurram mais do que verdadeiramente falam”, lê nesse sussurro uma lógica do desejo, das crenças e das classes sociais.
E faz com que o leitor perceba como, em um som, podem ser notados diferentes níveis de sentido. Porque, como vemos no livro, “o som é a melhor maneira de compartilhar a percepção de alguém”. Guiando-se no labirinto de Lucrecia Martel só pela massa de sons, a autora analisa a família e o catolicismo, chaves no mundo de Martel. E, de um modo mais inesperado, a influência dos westerns e dos filmes de terror e de classe B, o peso das narrativas orais de Salta e o diálogo com a literatura de Horacio Quiroga e Silvina Ocampo.
Este livro, de todos os modos, não se disfruta somente como crítica de cinema. Também pode ser lido como estudo de crítica comparada: não no sentido de que confronta a filmografia de dois países (Brasil e Argentina), mas em um sentido muito mais profundo. É o olhar de uma brasileira sobre a obra fílmica de uma diretora argentina. Sem declarações nem falsos dramatismos, Natalia observa e escuta com o frescor de uma estrangeira e a sabedoria de quem entende de cinema.”
Sobre a autora: Natalia Christofoletti Barrenha é doutoranda do programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no qual também desenvolveu sua pesquisa de mestrado – origem deste livro. É graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/ Bauru).
Feb
17
2014
Em maio de 2013 a cineasta argentina Lucrecia Martel, conhecida por realizar filmes com sofisticadas relações audiovisuais e estar sempre atenta ao potencial do elemento sonoro em suas obras desde o roteiro, realizou um workshop no 5° Encontro Ficção Viva em Curitiba-PR com a seguinte descrição:
“Imersos no ar, como em uma grande piscina vazia de água, assim estamos. Nós crescemos entre conversas, ondas que viajam através do ar e nos rodeiam, nos atravessam. Mas nós consagramos nosso tempo ao olho. Existe uma maneira de construir o cinema a partir do som e, de todos os sons, aquele da língua mãe. Breve referência à construção do espaço visual baseado no som, e à escrita do roteiro em camadas.”
Lucrecia Martel
O projeto Ficção Viva publicou recentemente a transcrição deste workshop que está disponível para visualização online. Mais um rico material de consulta para aqueles que valorizam e querem expandir as possiblidades de criação audiovisual no cinema.
Feb
15
2014
A prática de captação do som direto ganhou esta semana uma de suas principais referências bibliográficas já escrita em língua portuguesa. Um manual técnico e prático para captação de som direto em produções audiovisuais escrito pelo Técnico de Som Direto e Professor Doutor do curso de Audiovisual da ECA/USP, João Godoy.
“O texto apresenta uma sistematização da rotina de trabalho do profissional do som direto e suas implicações com as demais áreas técnicas da realização audiovisual.
Como sabemos, som direto é o som captado e registrado em sincronia com as imagens em uma realização audiovisual. O vínculo da captação simultânea entre som e imagem determina os procedimentos de trabalho empregado pelo profissional do som direto.
A fidelidade na representação dos eventos acústicos é compartilhada por diversas áreas profissionais que lidam com a matéria sonora (indústria fonográfica, produção radiofônica, espetáculos musicais, etc.), e a qualidade do som direto é igualmente orientada por esta premissa. Porém, no trabalho realizado pelo som direto os procedimentos empregados estão condicionados à captação simultânea da imagem que, via de regra, determina que os dispositivos de captação estejam fora de quadro, limitando o posicionamento dos microfones. É com esta premissa que se organiza o método de trabalho do som direto.“
João Godoy
O manual completo “A Prática de Captação do Som Direto – uma sistematização da rotina do profissional do som direto” encontra-se para download no site Mnemocine ou para consulta em duas partes no site da Associação Brasileira de Cinematografia (Parte 1 e Parte 2).