Feb
18
2015
Primeira parte da entrevista com os profissionais sonoros Fernando Henna e Daniel Turini. Formação, geração e ruídos: pensar o som de um filme.
Guilherme Farkas: Como vocês se aproximaram do universo do som no cinema?
Daniel Turini: Eu fiz cinema da USP (Curso Superior do Audiovisual, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo) e já dentro do curso fui me especializando em som e montagem, quando comecei a trabalhar foi já fazendo som e tenho trabalhado com som desde então. Faço outras coisas, tenho curtas-metragens que dirigi, faço roteiro, faço outras coisas, mas o dia-a-dia é trabalhar com som. É uma abordagem mais focada na narrativa, então a minha formação é de dramaturgia, de desenvolvimento dramático. Então não é tão disparate trabalhar com som ou com roteiro ou com outras áreas. Na verdade estou trabalhando com a evolução da dramaturgia no tempo. É claro que existem diversas áreas em cinema mas eu definiria um pouco como essa passagem do tempo em que o som é fundamental, ou a montagem ou a estrutura de um roteiro. Acho que minha especialidade é trabalhar isso, entender essa estrutura através do som ou de outras linguagens e trabalhar isso. E é um pouco complementar até um pouco com a formação do Fernando (Henna).
Fernando Henna: Que é o oposto disso! (risadas). Eu entrei no som para cinema meio por acaso. Eu trabalhava num estúdio de publicidade e uma das assistentes lá tinha trabalhado no estúdio da Miriam Biderman e ofereceram uma vaga para ela que ela acabou não aceitando e perguntou se eu queria, se eu sabia fazer. Eu falei sim para as duas coisas. Mas era mentira, eu não sabia fazer, só queria. Fui lá meio na cara de pau, no estúdio da Mirian, chamado Effects Films e ai chegando lá eles perguntaram se eu sabia fazer e eu disse que não mas que tinha um conhecimento um pouco melhor sobre o Pro Tools e algumas coisas técnicas mesmo, e eles tinham uma demanda para isso. Acabei entrando nessa vaga, uma vaga meio de entrada, para editar passos…
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Jan
15
2015
Sou associada da Associação Brasileira de Cinematografia desde o ano 2000. Em 2002, realizamos no Rio de Janeiro o primeiro encontro de profissionais de som dentro da ABC. Para que realizássemos uma atividade em São Paulo no mesmo ano, convidei o Carlos Klachquin, que era o Consultor da Dolby para a América Latina, para dar uma palestra sobre a história da tecnologia sonora no cinema. Logo depois ele se associou à ABC e fizemos várias coisas juntos. Já em 2010, pensando em quem poderíamos convidar, de fora do Brasil, para um debate sobre som na Semana ABC. O Carlos me sugeriu o José Luis Díaz, e ele nos contou um pouco sobre o último trabalho que tinha realizado a Direção de Som de “O Segredo dos Seus Olhos“, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro daquele ano.
Nos anos seguintes continuamos a nos corresponder, quando foi convidado a participar do II Encontro Nacional de Profissionais de Som do Cinema Brasileiro, realizado no 8º Festival Cinemúsica em 2014, em Conservatória, RJ. Lá, ele e Guido Berenblum, que havia sido seu discípulo, realizaram uma mesa sobre o som no cinema argentino. Foi uma excelente oportunidade para que, através do som, pudéssemos estreitar os laços entre as nossas cinematografias.
O trabalho sobre o qual José Luis Díaz nos apresentou foi sobre a realização sonora de Relatos Selvagens, filme de enorme sucesso de público na Argentina e atualmente em cartaz no Brasil, onde também tem feito sucesso. José Luis tem um canal no Youtube onde generosamente disponibiliza informações sobre som no cinema. Recentemente, ele carregou 4 vídeos filmados durante uma palestra que coordenou durante a exposição da CAPER (Câmara Argentina de Provedores e Fabricantes de Equipamentos de Radiodifusão) no final de outubro de 2014.
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Jan
5
2015
Quarta e última parte da conversa sobre o som de “Relatos Selvagens” (Damian Szifrón, 2014) que ocorreu na CAPER 2014 (Câmara Argentina de Provedores e Fabricantes de Equipamentos de Radiodifusão). Falamos um pouco de dublagens.
O editor de diálogos de “Relatos Salvajes” foi Nahuel Palenque. As tarefas de edição foram tão trabalhosa que outro editor, Matías Vilaro, ficou responsável apenas pelo ajuste das dublagens, para não sobrecarregar ainda mais Nahuel. Durante a conversa não citei Nahuel Palenque. Mas aqui lhe dou o crédito.
José Luis Díaz, no início da conversa, mostra um trecho do filme “Vino para Robar”. José Luis chama a atenção para a frase “is not my fault”, onde é possível ouvir um ruído de fundo (as rodas do carro de travelling). Continue lendo