Mar
17
2015
Entrevista com Guile Martins, responsável pelo desenho de som de “A Cidade é Uma Só” (Adirley Queirós, 2011).
Guilherme Farkas: Como você entrou no “A cidade é uma só” ? Você tem uma relação anterior com o Adirley?
Guile Martins: Conheci o Adirley em 2006, durante um festival de cinema em Florianópolis. Nossos curtas estavam sendo exibidos, ele com “RAP – O canto da Ceilândia” e eu com o “Sobre a Maré”. Conversamos muito, mas acho que mais sobre futebol do que cinema. Nos reencontramos em 2009, no festival de Brasília, eu estava lá apresentando o documentário “Tarabatara”, no qual fiz som direto e edição de som. Nesse tempo fui conhecer a ceilândia, tomar banho de cachoeira em águas lindas de Goiás, algo que me alegrou muito, arejou um pouco a angustia de estar em Brasília, no plano piloto, um lugar desconhecido e inóspito pra mim. Na Ceilândia ouvi os carros de som, os vendedores da feira, gente andando nas ruas, jogos de futebol em cada esquina, enfim, uma paisagem humana e sonora muito diferente do plano piloto e do circuito do festival de cinema. Foi aí que assisti o “Dias de Greve”, na casa do Adirley e conversamos mais sobre som, como aproveitar os sons da Ceilândia e de outras quebradas, sem recorrer ao recurso de “som de tiro e sirenes ao longe”, que tanto o incomodava enquanto proposta estética. Falamos sobre os sons que desaparecem com o tempo, o amolador de facas, um vendedor de biju…
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Mar
6
2015
Terceira e última parte da entrevista com os profissionais sonoros Fernando Henna e Daniel Turini. Os sons de “A Cidade é Uma Só” (Adirley Queirós, 2011).
Guilherme Farkas: Sobre o “A Cidade é uma Só [1]”, acho que já é um caso completamente diferente. Um pouco de tentar recuperar, na pós-produção, algumas coisas, garantir inteligibilidade de alguns planos e fazer uma mixagem que segure o filme. Em alguns momentos, o filme flerta com uma estética de um som hiper-realista [2], em que você tem uma condição de escuta bastante amplificada em que todos os eventos soam, produzem sonoridades que num modo de produção documental, muito dificilmente seriam gravados. Queria saber então se essa estética do hiper-realismo sonoro foi uma sugestão do Adirley.
Fernando Henna: Quem pode te responder com mais propriedade mesmo é o Guile Martins. Do que veio para cá, essa coisa da chave do carro por exemplo já tinha na edição de imagem, deve ter sido um acordo entre eles. O que tem bastante é uma edição de som super esperta. Pouquíssimos sons de banco, todos sons captados durante o filme, nas locações mesmo. Acho que o Guile quando fez o som…
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Feb
23
2015
Segunda parte da entrevista com os profissionais sonoros Fernando Henna e Daniel Turini. A construção do som em”Avanti Popolo” (Michael Wahrmann, 2012).
Guilherme Farkas: Sobre o “Avanti Popolo“, como vocês entraram no filme? Como o Michael Warhmann se aproximou de vocês? Ele tinha propostas de som na pré-produção?
Daniel Turini: Na verdade o Misha fez o filme como um curta-metragem já com o pensamento de que aquilo poderia dar uma material maior, tem alguns planos mais longos. Eu conhecia o Misha de antes, de festivais, de amigos em comum, mas a gente não teve contato nenhum com o filme até começarmos o trabalhar nele. Tudo isso que eu falei da pré-produção, mesmo de pensar como o técnico de som vai atuar, não teve. O que aconteceu foi que o técnico de som foi o finalizador de som do curta-metragem, ele que editou o som do curta.
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